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Mudança no ensino médio busca um ensino mais atraente para os estudantes

Depois de muita chiadeira e escolas ocupadas, a reforma do ensino médio foi aprovada e sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB) no mês passado. A proposta, que pretende corrigir falhas na última etapa da educação básica, foi elaborada pelo MEC (Ministério da Educação) por meio de medida provisória e deve ser implementada a partir de 2018. Mas, para algumas escolas, da rede pública e particular, mudanças semelhantes já são uma realidade.

No Colégio Estadual Chico Anysio (Ceca), no Rio de Janeiro, há quatro anos, um projeto elaborado pelo IAS (Instituto Ayrton Senna) em parceria com a secretaria de educação do estado, experimenta um novo olhar sobre o ensino médio, com aspectos semelhantes a atual reforma.

Entre eles, carga horária estendida (tempo integral), divisão do currículo por área de conhecimento e uma tentativa de aproximar os estudos da vida real. “O ensino precisa fazer sentido para o estudante”, afirma Simone André, gerente executiva de educação do IAS. Na prática, isso é feito  integrando os desenvolvimentos cognitivo e socioemocional. “Procuramos trabalhar competências que possam ser utilizadas na vida real, como responsabilidade, colaboração e comunicação.”

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Currículo flexível

Em São Paulo, o Colégio Anchieta, desde o segundo semestre de 2016, lançou um projeto-piloto que contempla algumas das mudanças propostas na MP do Ensino Médio. O currículo foi flexibilizado e disciplinas como história e geografia tiveram aulas compartilhadas. A escola avalia que isso fez melhorar o aprendizado.

“Os alunos aprenderam mais com a convergência de temas”, diz Marco Gregori, CEO da Eduinvest, da qual o colégio faz parte. Outro ponto da reforma antecipado por lá foi o estímulo ao ensino técnico. “Alunos podem optar por informática, química, eletrônica, entre outras ocupações.”

Entenda a reforma

A mudança do ensino médio foi apresentada pelo governo federal por meio da MP 746 (Medida Provisória) em setembro de 2016. Depois de protestos e ocupações em escolas, a reforma foi sancionada em fevereiro e deve ser implementada a partir de 2018, após a publicação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), prevista para ser definida até o fim de 2017. Alvo de críticas, a utilização de MP foi defendida pela secretária executiva do MEC, Maria Helena: “A questão é urgente e vem sendo discutida há anos.”

O que muda no novo ensino médio

Principais pontos

• A reforma flexibiliza o conteúdo, dá novo peso ao ensino técnico e estabelece meta para a ampliação da carga horária para pelo menos mil horas anuais em até cinco anos.

• Currículo será 60% definido pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e 40% destinado aos itinerários formativos, oferecidos em quatro áreas (linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza) e formação técnica.

• Língua inglesa será obrigatória (a partir do sexto ano do ensino fundamental).
Se a escola oferecer um segundo idioma deve ser priorizado o espanhol.

 

Principais críticas

• Escolas públicas não oferecerão todos os itinerários formativos, prejudicando alunos de baixa renda.

• Retirada de disciplinas como artes, educação física, filosofia e sociologia da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).

• Ensino profissionalizante na rede pública pode empurrar alunos para subempregos.

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