Não é só pelas praias, pelas belas paisagens e pela culinária capixaba que a Grande Vitória é reconhecida no país. Localizada em área de Mata Atlântica, a região é o lar de uma das maiores populações do jacarés-de-papo-amarelo do Espírito Santo. Em outubro do ano passado, um desses animais foi flagrado, de madrugada, atravessando a avenida Norte-Sul, na Serra.
Na região, existem mais de 250 répteis em um santuário mantido graças a uma parceria entre a iniciativa privada e o Instituto Marcos Daniel, de Vitória. É dali que vem grande parte dos estudos que se transformam em políticas públicas de conservação da espécie no país.
Coordenador do projeto, o veterinário Yhuri Nóbrega, 25 anos, explica que o jacaré é um animal característico do Estado e que vem se tornando uma representação da biodiversidade capixaba.
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“Antigamente, ele ocupava o Espírito Santo inteiro. Mas, com a urbanização e a caça, perdeu seu espaço. Hoje, é símbolo da Mata Atlântica e se firma cada vez mais como um novo símbolo da biodiversidade capixaba. Tanto ele quanto a natureza persistem em sobreviver, mesmo diante de todas as adversidades, como o desmatamento”, afirma o pesquisador.
De acordo com Nóbrega, o instituto já registrou a ocorrência de jacarés em 20 municípios do interior, além de casos em Vitória, Cariacica, Vila Velha, Fundão e Serra. “Eles têm sobrevivido em esgotos, valões e fragmentos paupérrimos de vegetação. A perda de habitat faz com que o animal esteja cada vez mais próximo de nossas casas.”
As pesquisas
Segundo o pesquisador, o projeto Caiman, realizado pelo Instituto Marcos Daniel, é responsável pela produção de dados científicos que servem para a elaboração de políticas públicas de conservação de jacarés em todo o país. Para isso, ele e sua equipe monitoram mais de 250 animais que vivem dentro da área da ArcelorMittal Tubarão, onde são realizados estudos sobre dados demográficos da população da espécie e análises de sangue dos animais.
“Esse é um animal ameaçado de extinção. E, se um dia ele for extinto, vai abalar todo o ecossistema. O jacaré é um símbolo de conservação em prol de todo o ambiente, da vegetação e dos animais que convivem com ele”, diz Nóbrega.
Fazer o bem
Tendo no colo a jovem Jaque, um jacaré-de-papo-amarelo fêmea de três anos de idade e um metro de comprimento, o coordenador do projeto Caiman alerta sobre os riscos de se aproximar desses animais.
“Se você não importunar o bicho, ele não é perigoso. A Jaque, por exemplo, pode parecer inofensiva, mas sua mordida pode arrancar um dedo. Já os adultos, que vivem cerca de 80 anos, podem atingir 3 metros e mais de 100 kg. Um ataque desses pode ser mortal.”
Outro alerta é com relação ao consumo da carne de caça de jacaré. “O consumo pode se tornar um problema de saúde pública, pois a carne pode transmitir doenças inofensivas para os animais, mas não para humanos.”
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