Estilo de Vida

Crianças ‘geeks’ aprendem a programar aplicativos e até robôs

Pode até parecer papo de filme de ficção científica ou de algum desenho animado, mas não é. Crianças de nove, oito e até sete anos já são aptas a aprender a programar um aplicativo, games e até mesmo alguns tipos simples de robôs.

É o caso de Pedro Soldi, de nove anos, que entrou num curso de robótica nas férias e, assim como seus coleguinhas, conseguiu programar e montar um pequeno robô de rodas que tem a capacidade de desviar de obstáculos. “Desde os seis anos eu tinha vontade de fazer um curso voltado à programação e robótica. Acho que pode contribuir muito já que no futuro quero criar minha própria logomarca de produtos eletrônicos e games”, declarou o pequeno, que já pensa em seu futuro profissional.

Mas como crianças tão novas já conseguem ter essa aptidão? Talvez a resposta seja a rapidez com que são expostas pelos pais à tecnologia, seja no computador ou em celulares. Para Renato Wajnberg, sócio, professor e coordenador acadêmico da escola de programação para crianças MadCode, as crianças precisam estar cientes da tecnologia que as rodeia e aproveitá-la para avanços. “Acredito que nas próximas décadas a alfabetização digital será tão importante para os jovens como é hoje o conhecimento de uma segunda língua, como o inglês”, opina.

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Escolas para pequenos programadores

Nesse contexto estão surgindo escolas de programação direcionadas apenas para crianças e jovens. Clodoaldo Andrade é professor de uma delas, a Supergeeks, mesma escola em que Pedro fez o curso de robótica. Segundo o professor, as crianças são muito mais dispostas a aprender esse conteúdo do que os adultos. “Os alunos são desesperados por conhecimento, querem respostas imediatas. Isso é bom e ruim, eles podem perder o foco mas também têm uma dedicação enorme às aulas”. Andrade pontua ainda que a maior dificuldade das crianças, inicialmente, é no manuseio do computador. “A maioria está acostumada com as plataformas touch”, explica.

Alguns alunos demonstram tanta sede por conhecimento que acabam melhorando seu desempenho nas disciplinas da escola regular. “Os pais às vezes entendem os cursos como de forma diversão para as crianças, mas muitos deles têm melhora na escola e também nas habilidades lógicas e isso os surpreende”, diz Andrade.

Segundo a Supergeeks, o curso mais procurado pelas crianças é o regular, para crianças de sete – desde que estejam no 2º ano escolar – até 16 anos. Este curso completo tem dez fases, sendo que cada uma dura um semestre escolar.

Embora seja produtivo, imergir crianças no mundo tecnológico pode ser também prejudicial. Confira as dicas da psicóloga educacional Letícia Marques. Segundo ela, «crescer em contato com esse estilo de vida pode fazer com que a criança seja muito imediatista».

«As ferramentas tecnológicas fazem tudo por nós. Basta um clique e tudo está à mão. Os pequenos expostos à tecnologia são acostumados a ‘ter tudo na hora’ e não sabem esperar. Transferem a dinâmica dos jogos para a vida, querem tudo na hora e não aceitam um não como resposta”, explica a psicóloga educacional Letícia Marques.

«É essencial que além da tecnologia, a criança tenha um contato social com a família. Alguns pais confiam nos programas de televisão ou em aplicativos para ensinarem as crianças a falar e a se comunicar porque são ‘educativos’, mas a criança, neurologicamente, precisa de interação para aprender a falar e será prejudicada caso não haja esse tipo de conversa direta.»

«É importante e necessário introduzir a tecnologia às crianças, a principal regra é monitorá-las e acompanhar suas atividades na internet e nos cursos que eventualmente fizer na área.»

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