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Morre comandante que negociou a paz na Irlanda do Norte

Martin McGuinness, o comandante do Exército Republicano Irlandês (IRA) que depôs as armas e se tornou um dos maiores arquitetos da paz na Irlanda do Norte, morreu nesta terça-feira, aos 66 anos, recebendo homenagens tanto de aliados quanto de ex-inimigos.

Verdadeiro rosto do republicanismo irlandês para muitos durante alguns dos piores momentos de três décadas de uma violência sectária que matou mais de 3.600 pessoas, McGuinness continuou sendo alvo do ódio de muitos protestantes pró-britânicos até sua morte.

Mas ele foi amplamente aclamado em todo o Reino Unido e a Irlanda por se unir a seus piores rivais para concretizar o acordo de paz de 1998 e permitir que a Irlanda do Norte voltasse lentamente à normalidade.

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«Embora eu jamais possa relevar o caminho que ele tomou na parte inicial de sua vida, Martin McGuinness, no final das contas, desempenhou um papel definitivo ao afastar o movimento republicano da violência», disse a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.

«Ao fazê-lo, ele ofereceu uma contribuição essencial e histórica à jornada extraordinária da Irlanda do Norte do conflito à paz».

McGuinness esteve presente nos primeiros atritos do conflito da Irlanda do Norte no papel de um comandante de 20 anos do IRA que combateu o Exército britânico nas ruas de sua nativa Londonderry em nome de uma comunidade à qual ele dizia serem negados direitos humanos básicos.

McGuinness logo se tornou um dos maiores comandantes do IRA, e em 1973 foi condenado por sua filiação ao grupo ao ser detido em um carro repleto de explosivos.

«Martin McGuinness nunca foi para a guerra, ela veio para suas ruas, veio para sua cidade, veio para sua comunidade», disse o líder e colega republicano Gerry Adams à emissora nacional irlandesa RTE nesta terça-feira.

«Em minha opinião ele foi um grande homem, e deixará saudades».

Nos anos 1980, McGuinness, ao lado de Adams, emergiu como um dos principais responsáveis pelo crescimento eleitoral do Sinn Fein, o braço político do IRA, postulando uma estratégia de uso das urnas juntamente com os rifles Armalite.

Após o segundo cessar-fogo do IRA, em 1997, McGuinness se tornou o negociador-chefe do Sinn Fein nas conversas de paz que levaram ao memorável acordo da Sexta-Feira Santa de 1998.

McGuinness se tornou vice-premiê da Irlanda do Norte em 2007, cargo que ocupou por uma década até renunciar em janeiro pouco após ser diagnosticado com uma rara doença no coração.

McGuinness se manteve ativo até as últimas semanas de vida, ajudando a orquestrar uma das maiores vitórias políticas do nacionalismo irlandês em décadas ao forçar a realização de uma eleição antecipada em março que privou os unionistas de sua maioria no Parlamento regional pela primeira vez.

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