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Brasileiros nos EUA mudam hábitos com medo de deportação

As novas regras impostas pelo presidente Donald Trump para facilitar que imigrantes ilegais sejam deportados têm levado medo aos brasileiros que moram nos Estados Unidos.

De acordo com as ordens executivas, publicadas na terça-feira, estrangeiros que cometeram qualquer tipo de violação das leis americanas podem ser expulsos imediatamente se estiverem irregular quanto ao visto. Antes das determinações, apenas os autores de crimes graves eram alvo do processo.

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A nova ordem tem feito com que muitos brasileiros mudem hábitos, como dirigir, ir ao trabalho ou até mesmo usar as redes sociais para se comunicar.

Algumas infrações de trânsito são consideradas crimes em estados americanos. É o caso de dirigir sem habilitação.

O Metro Jornal conversou com um brasileiro que vive nos Estados Unidos e está em fase de regularização. Ele preferiu se comunicar com a reportagem pelo celular, já que deixou de usar o chat do Facebook por receio. Recentemente, os Estados Unidos cogitaram exigir  a senha das redes sociais para quem quer entrar no país.

O brasileiro, que pediu para não ser identificado, afirma que quem não tem documentos está com bastante medo. “Complica muito para nós. Antigamente trabalhávamos e até dirigíamos, pois sabíamos que se fossemos pegos pela polícia, teria só uma dor de cabeça, mas não seriamos mandados para a imigração. A proposta agora é  diferente. Estamos até com medo de sermos abordados em casa ou no trabalho.”

Ele diz que mesmo os que estão legal têm receio. “Neste caso, o medo é de sair do país e não conseguir voltar”, contou. O imigrante vive com a mulher e dois filhos há 3 anos no país. Ele indicou para a reportagem o nome de um advogado que tem orientado brasileiros nos Estados Unidos, inclusive em vídeos no YouTube.

Até a tarde de ontem, a postagem com perguntas e respostas com o advogado Walter Santos tinha cerca de 13 mil visualizações. Entre as principais perguntas enviadas por brasileiros para ele, estão dúvidas quanto a possíveis denúncias falsas de crimes para prejudicar imigrantes. “Este é um problema, sem dúvidas. Muita gente vai deixar de chamar a polícia por medo de ser deportado. Os policiais alegam que não querem participar da questão de imigração e têm objetivo apenas de combater crimes.  Mas é um problema, sem dúvida”, afirma ele na gravação.

Em entrevista à Agência Brasil, uma outra brasileira, a manicure Karla Ribeiro, 25 anos, conta que boatos tem apavorado os imigrantes. “Semana passada, um grupo de brasileiros no WhatsApp deu um alerta de que havia muitas viaturas em uma avenida na cidade em que vivo. O comentário era de que seria uma blitz da polícia e ficamos em alerta. Mas era somente porque naquele local havia uma obra.”

Secretário nega expulsão em massa
O chefe de Segurança Interna dos Estados Unidos, John Kelly, e o secretário de Estado, Rex Tillerson, visitaram ontem o México em clima de hostilidade e protestos por parte da população.

De acordo com a agência Reuters, autoridades mexicanas expressaram “preocupação e irritação” com as políticas do país durante o encontro. Os americanos tentaram acalmar os ânimos, principalmente em relação às expulsões de imigrantes.

“As deportações serão feitas conforme nosso marco legal e serão expulsos aqueles que tenham antecedentes criminais. Tudo isto será feito, como sempre, com estreita colaboração com o governo do México”, disse Kelly, negando deportações em massa.

Anteontem, o chanceler mexicano, Luis Videgaray, disse que acionará a ONU (Organização das Nações Unidas) em casos de desrespeito. “Quero deixar claro e da maneira mais enfática que o governo do México e o povo do México não têm razão para aceitar disposições que, de maneira unilateral, um governo quer impor a outro.”

O presidente Donald Trump pretende construir um muro na divisa dos dois países e anunciou que enviará de volta ao México qualquer pessoa flagrada tentando passar a fronteira.

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