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Por mais D’Alessandros no futebol brasileiro

leonardo-meneghetti-colunistaQuero mais D’Alessandros em campo. E menos pernas de pau. Menos destes que ganham uma ou outra manchete, se consideram os tais e afrouxam as cordas. Quero D’Alessandro, inteligente, intransigente, lúcido. Com a bola e nas manifestações. Dou de ombros aos que se acham bambambans e, na verdade, nada têm a dizer porque lhes falta conteúdo. Quero clones do argentino espalhados pelo nosso futebol. Chega de mediocridade. Chega de ídolos efêmeros, que não se sustentam por 15 dias.

No futebol brasileiro, poucos jogam o que D’Alessandro está jogando. Às vésperas de completar 36 anos, permanece com a desenvoltura dos vinte e poucos. Compensa a perda de velocidade com uma dedicação impressionante dentro de campo. Há meninos nada consagrados que não se empenham tanto quanto ele pela busca do resultado. D’Alessandro é um intransigente. Não quer perder sorteio de par ou ímpar. E pensar que no ano passado o Inter abriu mão deste jogador por uma merreca de dinheiro. Sim, o Inter foi rebaixado porque D’Alessandro não estava aqui. Uma façanha protagonizada por Vitorio Piffero, Carlos Pellegrini e companhia!

Quando não está em campo, pode-se dizer que o Inter joga com time misto. D’Alessandro é mais de meio time do Inter. Ele joga. O tempo todo. Por todos os cantos. Onde o treinador decidir posicioná-lo. Zago agora estuda recuá-lo, o que considero um equívoco. Mas saibam que também ali irá render para provavelmente ser o melhor do time em campo. Prezado leitor: pense, D’Alessandro em qualquer time do futebol brasileiro. Pronto. Esta equipe subirá dois degraus de qualidade. Já o imaginaram no Palmeiras? No Atlético? Ou no Grêmio?

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Complementa tamanha qualidade com liderança e lucidez. D’Alessandro consegue contagiar o grupo de jogadores com sua entrega. Ajuda a posicionar os mais jovens. Cobra os mais desligados. E é inteligente. Nesta semana, em entrevista coletiva, se saiu com esta: “Um clube do tamanho do Inter tem que saber quando comete erros, como no ano passado. A Série B é a nossa realidade de hoje. E é para ela que temos que nos preparar. Não podemos pensar que vamos ganhar os jogos na camisa”. Era exatamente o recado que tinha que ser dado nesta hora. Há uma euforia dos colorados pela antecipação do julgamento no CAS. E a tendência, convenhamos, não é de reversão.

Quando D’Alessandro fala, temos de parar para ouvi-lo. Geralmente tem sábias palavras. Fala em tom institucional, tal o tamanho que adquiriu na história vermelha. D’Alessandro não joga tanto quanto Falcão jogava. Este foi o maior de todos no clube. O argentino também não ganhou tanto quanto Fernandão, que entregou o mundo aos colorados. Mas algo precisa ser dito. No momento mais tenebroso, no mais difícil, no momento mais vergonhoso da história do Inter, ele se dispôs a estar aqui. Poderia escolher um clube para jogar. Voltou ao Beira-Rio. Não tem medo da segunda divisão. Vai encará-la. E certamente liderar o time nesta batalha.

Meus respeitos, Andrés D’Alessandro!

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes

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