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Socorro, a polícia está perdendo

colunista  jose-luiz-datenaA questão da sobrevivência diária no Brasil já deveria ter virado questão prioritária até da própria segurança nacional. A velha frase de que todo dia você sai de casa como candidato a vítima e volta para casa como mais um sobrevivente já faz parte da nossa rotina e das nossas orações.

Em São Paulo, três mega-assaltos, em Campinas, Santos e Ribeirão Preto, mostram o crime organizado no comando com táticas de guerrilha paramilitar, armamento de guerra e missões divididas entre as quadrilhas, que funcionam mais ou menos como um consórcio do crime. Resultado: milhões roubados, vidas de policiais e civis tiradas a bala de fuzil – conseguidos mais facilmente que estilingue nas continentais fronteiras brasileiras, que precisam urgentemente de apoio das Forças Armadas para auxiliar nossa eficiente Polícia Federal, que não tem efetivo para cobrir uma área tão grande por onde entram, principalmente, armas e drogas.

Quando o deputado e delegado Antônio de Olim veio a público no Brasil Urgente para dizer que estamos perdendo a guerra para o crime organizado, não foi de graça. Estava vendo o programa quando viu e ouviu o desesperado pedido de socorro de um policial rodoviário que tinha o companheiro ferido com um tiro de fuzil na cabeça, e que morreu logo depois. Aquilo para um delegado experiente foi mais que um pedido isolado da polícia, foi um chamado desesperado da sociedade que não pode ter bandido mais bem armado que polícia.

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Esse desequilíbrio é geral. No Rio de Janeiro, capital mundial dos Jogos Olímpicos, morrem por dia 17 pessoas assassinadas. Em pouco tempo, milícias já mataram 11 pré-candidatos das eleições cariocas e quase uma centena de pessoas foram atingidas por bala perdida do começo do ano para cá. A polícia de lá tem que economizar combustível e pode parar investigações por falta de verba. As unidades de polícia pacificadora fizeram água. Chamaram o Exército, que tem seu maior contingente naquela que durante muito tempo foi capital do país. Exército que deve ficar nas ruas depois das Olimpíadas para, vejam bem, garantir as eleições.

Mais do que vergonha, São Paulo e Rio de Janeiro representam a falência do sistema interno de defesa do cidadão. Produto principalmente de dinheiro público desviado por políticos corruptos e incapazes de deter o crime porque são piores que o crime ou muitas vezes fazem parte dele. O grito de socorro do policial na estrada, acuado por marginais, é o nosso grito de desespero de lutar para não morrer. É um grito de basta. Ou se resolve já, ou não tem mais jeito, e aí teremos a certeza de que o crime no Brasil compensa e só nos resta pedir a Deus pelas nossas vidas.

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