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Marcado para morrer

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O juiz Odilon Oliveira, 68 anos, combate o crime organizado nas fronteiras isoladas do Brasil há pelo menos 18 anos de uma existência sofrida.

Ameaçado de morte pelo PCC, que teria oferecido R$ 1,5 milhão pela sua cabeça, R$ 1 milhão a menos do que o Comando Vermelho, sobreviveu a dois atentados e vive sob proteção de nove agentes da Polícia Federal que, em revezamento, moram na casa dele. Isso mesmo, proteção 24 horas onde quer que ele vá, tanto que ele mesmo diz que até os barões da droga que mandou para a cadeia, entre eles Fernandinho Beira-Mar, um dia vão para a rua e não terão prisão perpétua, um regime que ele já vive.

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Não tem medo de morrer, mas acha injusto que sua família, que ninguém conhece por razões de segurança, pague sua conta um dia nas mãos dessas máfias brasileiras e internacionais, cada vez mais unidas. Acha injusto que ao se aposentar agora, em setembro, vá perder o direito à guarda pessoal e, jogado aos lobos, não dura um dia.

Disse que, se isso acontecer, sendo abandonado como todo aposentado pelo Estado brasileiro, tem que ir embora de Brasil para não morrer.

Sua entrevista no programa “90 Minutos”, que apresento na Rádio Bandeirantes, chocou mais uma vez um país que é benevolente com bandidos que roubam os cofres públicos. A mulher do e da quadrilha do Cabral, Adriana Ancelmo, tem o direito de voltar para um luxuoso apartamento no mar do Leblon, enquanto agentes da Justiça, da lei, são entregues à morte depois de anos de luta contra o mal estabelecido desde as comunidades, palácios de governo e sabe-se lá onde mais.

Um homem como esse em qualquer lugar decente do mundo seria tratado como herói, recebendo desde um salário justo, homenagens, até estatuas em nossas capitais.Em vez disso lhe resta a dúvida de onde virá a bala, porque a morte é certa.

Isso é justo? Claro que não. Basta ver a situação da maioria dos aposentados do país e, claro, a intimidação, quando não a morte, de quem do lado da lei ousa ser contra o crime.

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