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‘Não dói o útero e sim a alma’, diz jovem vítima de estupro coletivo

Imagem que se tornou símbolo da revolta contra o caso/ Reprodução/ Ribs
Imagem que se tornou símbolo da revolta contra o caso | Reprodução/ Ribs

A jovem de 16 anos que sofreu um estupro coletivo no último sábado, no Rio de Janeiro, usou seu perfil no Facebook para falar sobre a violência que sofreu.

No post, publicado na quinta-feira, ela agradeceu as mensagens de apoio e disse que pensou que seria “julgada mal”, mas percebeu que não foi.  “Não, não dói o útero e sim a alma por existirem pessoas cruéis sendo (sic) impunes!! Obrigada ao apoio (sic)”, escreveu a adolescente.

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Desde que o crime foi noticiado, as redes sociais foram tomadas por mensagem de solidariedade e protesto contra a brutalidade sofrida pela jovem. A imagem de uma mulher seminua sangrando, crucificada no símbolo de Vênus, que representa o feminino, se tornou o símbolo do caso.

A publicação e o compartilhamento do vídeo da vítima depois do estupro causaram indignação entre internautas, que pediram que ninguém mais divulgasse o vídeo. As imagens mostram o órgão genital da jovem e a narração do responsável pela publicação: «Olha como tá (sic). Sangrando. Olha onde o trem passou. Onde o trem bala passou a marreta», diz ele. “Essa aqui, mais de 30, engravidou.»

Um dos responsáveis pela publicação no Twitter, identificado como Michel, escreveu: «Amassaram a mina, intendeu (sic) ou não intendeu (sic) kkkkk». Foi publicada também uma fotografia de um dos homens diante do corpo da jovem deitado em uma cama.

Até agora, a polícia prendeu quatro suspeitos de participarem do crime, incluindo um homem de 41 anos que aparece na imagem ao lado da jovem e outro de 18, que estaria envolvido na divulgação do vídeo.

“Quando acordei tinha 33 caras em cima de mim”

Em depoimento a policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), da Polícia Civil do Rio, a adolescente disse que foi atacada por 33 homens armados de fuzis e pistolas.

Ela contou que, no último sábado, fora visitar o namorado no morro do Barão, na Praça Seca, zona oeste carioca, e só lembra de ter acordado, no dia seguinte, «dopada e nua», em uma casa desconhecida, cercada pelos agressores.

No depoimento à Polícia Civil, reproduzido no site da revista Veja, a vítima contou que, depois de acordar, vestiu roupas masculinas e pegou um táxi para casa, no bairro da Taquara, também na zona oeste. A jovem é mãe de um menino de 3 anos.

Ainda de acordo com o depoimento, ela soube, na terça-feira passada, que um vídeo com imagens suas depois do estupro havia sido divulgado nas redes sociais e em sites de relacionamento. Nesse mesmo dia, segundo as informações prestadas à polícia, ela voltou à favela e cobrou do chefe da quadrilha dos traficantes de drogas, não identificado, que devolvesse seu celular, possivelmente furtado no dia doestupro coletivo.

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Segundo a jovem, o traficante disse não ter encontrado o celular mas prometeu ressarcir-lhe o prejuízo. Disse também que se informaria sobre o estupro. A jovem identificou o namorado apenas como Petão, de 19 anos, que conheceu no colégio onde ambos estudam. A vítima disse que se relaciona com Petão há três anos. Ela afirmou que costumava usar ecstasy, lança-perfume e «cheirinho da loló», mas que há um mês não se drogava.

No depoimento, a adolescente disse que está «profundamente abalada» e que, desde que foi estuprada, estava sentido muitas dores internas. Na manhã de quinta-feira, ela foi submetida a exames no setor de ginecologia de uma maternidade da rede municipal de saúde. «Quando acordei tinham 33 caras em cima de mim. Só quero ir para casa», disse ela ao sair do hospital, em declaração reproduzida no site do jornal O Globo.

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