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Mineradoras assumem erros e pedem desculpas por tragédia em Mariana

As mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco apresentaram nesta segunda-feira o resultado de dez meses da investigação independente sobre o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, considerada a maior tragédia ambiental do país.

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Conduzido pelo escritório de advocacia Cleary Gottlieb Steen & Hamilton, contratado pelas mineradoras, em suma, o relatório elaborado por um painel de quatro geotécnicos de renome internacional chegou à conclusão de que obras mal executadas para reparos no sistema de drenagem e correções de infiltrações na barragem registradas desde 2009 causaram o colapso da estrutura. Sobretudo os sucessivos alteamentos da barragem, que comprometeram a eficiência do sistema de drenagem da represa ao longo dos anos.

O gatilho para o “mar de lama” que devastou dezenas de comunidades ao longo do Rio Doce e matou 19 pessoas foi o processo acelerado de liquefação dos rejeitos e o deslocamento da areia solta, não compactada, sobre o recuo erguido em 2012 na extremidade esquerda da barragem que, segundo o estudo, não tinha sustentação suficiente para suportar tal pressão de peso porque teria sido construído sob  lama previamente depositada no local.

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“Realizamos testes digitais e modelos. Houve uma extrusão lateral dos rejeitos. A cada momento em que a barragem era alteada, mais lama se deslocava. É como você apertar um tubo da pasta de dente”, exemplificou o doutor Norbert Morgenstern, uma das maiores autoridades mundiais em engenharia geotécnica e que chefiou a investigação. Morgenstern afirmou que pelos menos três pequenos tremores de terra foram registrados antes do rompimento e que estes abalos podem ter acelerado o processo de ruptura da barragem. Apesar de evidenciar falhas na estrutura da represa, a investigação não apontou culpa ou responsabilidade das mineradoras, bem como erros no projeto da barragem.

Lições a tirar 

Os executivos da Vale, BHP Billiton e Samarco reconheram que a investigação trará lições para a indústria da mineração no país e voltaram a se desculpar pela tragédia. “Queria fazer um pedido de desculpas a todas famílias. Essa investigação precisa ser compartilhada e assim farei com toda indústria da mineração para que sirva como um instrumento de evolução no rigor das avaliações”, afirmou Murilo Ferreira, presidente da Vale.

“A Samarco deu total acesso às informações para que essa investigação fosse feita sem qualquer interferência para colher o devido aprendizado ao processo. Sabemos que tem muito o que ser feito, mas nosso compromisso é percorré-lo”, disse Roberto Carvalho, presidente da Samarco.

“Espero que o trabalho extenso desse painel seja compartilhado com toda a indústria e possa mudar a forma de trabalhar. Estamos comprometidos com esse esforço de resposta”, finalizou Dean Dalla Valle, representante da BHP Billiton no Brasil.

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