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Estudo sobre estupro mostra distorção da noção de respeito, diz promotora

De quem é a culpa quando ocorre um estupro, que, diga-se de passagem é um crime? Na opinião de mais de um terço da população brasileira, é da vítima, quando ela é mulher.

É o que se depreende de pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança, na qual 37% dos entrevistados concordaram com a afirmação “mulher que se dá ao respeito não é estuprada” e 30% com a frase “mulher que usa roupa provocativa não pode reclamar se for estuprada”.

A partir dos dados levantados pelo Datafolha em 217 cidades do país, a equipe do Fórum avaliou, no relatório da pesquisa, que seu resultado mostra que “muitas vezes as próprias mulheres ainda são consideradas responsáveis pela violência sexual, seja por não se comportarem ‘adequadamente’ ou por usarem roupas provocantes”.

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Para a promotora e coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo, Valéria Scarance, o resultado da pesquisa mostra uma distorção na noção de “respeito”.

“Caberia então à mulher se acautelar e se dar ao respeito, não ao homem respeitar. A pessoa passa a merecer respeito por seu comportamento, e não por ser pessoa”, afirmou.

O percentual de concordância com as duas frases sobe quando a pessoa que responde é homem (veja quadro). Mas cai conforme aumenta o nível de instrução – 19% dos pesquisados com nível superior para a primeira frase e 16% para a segunda.

“Isso mostra a importância da educação para mudar esse pensamento”, disse a promotora.

De fato. A frase que teve maior concordância é um alento: 91% disseram que ‘temos que ensinar os meninos a não estuprar”. Para os pesquisadores, “o enunciado aponta para a ideia de que uma educação sobre igualdade tem potencial para alterar”.

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