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Desinformação sobre febre amarela leva a ataques contra bugios

O atual surto de febre amarela em Minas Gerais gerou incidentes neste começo de ano no Rio Grande do Sul que remetem a uma tragédia ambiental ocorrida em 2009. Naquele ano, quando  a doença percorria o território gaúcho, 2.025 bugios morreram no Rio Grande do Sul. Somente 204, porém, foram confirmados com a doença. Entre os demais, grande parte foi morta por pessoas que achavam que os macacos poderiam transmitir febre amarela.

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É provável que, pelo mesmo motivo, dois bugios ruivos tenham sido agredidos em Nova Petrópolis em somente quatro dias. Com cortes na cabeça e na pata, este muito grave – provavelmente feitos com faca –, um animal foi resgatado pelos bombeiros e encaminhado ao Gramadozoo na segunda-feira. No dia 12, outro macaco da mesma espécie foi encontrado no município da Serra com ferimentos provocados por tiros de chumbinho, e também havia sido levado à instituição gramadense. No entanto, este acabou morrendo.

O veterinário Renan Stadler, responsável técnico do Gramadozoo, garantiu que as marcas nos corpos deixam claro que os ataques foram cometidos por seres humanos. Os macacos foram recolhidos por moradores de Nova Petrópolis, que comunicaram às autoridades e conseguiram encaminhá-los para atendimento. Stadler lamenta que algumas pessoas – inclusive na mídia, que acaba disseminando informações equivocadas – confundam a situação de vítima dos bugios com alguma possibilidade de que eles possam transmitir a doença. “O bugio é um anjo da guarda porque ele está avisando, com a sua morte, que tem febre amarela em uma região. Mas não tem nenhum bugio morto com suspeita de febre amarela no Estado. A pessoa vê isso na mídia [o surto em MG] e acha que tem que matar bugio. É triste falar isso, mas o ser humano é muito egoísta”, desabafa.

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Em Porto Alegre, a prefeitura já começou a divulgar uma campanha para que os moradores não matem bugios. “Reunimos o grupo de 2009 para já iniciar uma campanha. Fizemos cartazes, haverá palestras. É bom informar que a febre amarela, no Estado, é da mata. Não acontece na cidade. Deve se vacinar somente quem vai para algum lugar de risco”, afirma a chefe da Equipe de Fauna da Smam (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), Soraya Ribeiro.

Em 2009, a doença acabou não atingindo a capital, conforme Soraya, o que poupou estragos aos bugios ruivos existentes na zona sul da cidade, estimados entre 900 e mil. A mortandade de oito anos atrás, porém, ampliou o risco de extinção do bugio no Estado.

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