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Lula cai na Lava Jato

carlos-lindenberg-colunistaA Operação Lava Jato tanto cavou, que, se não achou, chegou perto. Na terça-feira gorda de carnaval, o juiz Sérgio Moro autorizou o que, para muitos, seria impossível: a abertura de um inquérito em que o investigado será nada menos que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Surpresa? Nem tanto. Já desde o ano passado a Polícia Federal vinha tentando chegar ao ex-presidente, ora por meio dos filhos, ora de amigos, até que chegou ao sítio perto de Atibaia, frequentado por Lula e sua família, onde a PF acha que empresas com contratos na Petrobras teriam feito obras e benfeitorias. O Instituto Lula, que fala pelo ex-presidente, diz que o sítio é de amigos de Lula e de sua família, a Polícia Federal suspeita que seja de propriedade dele.

Na verdade, Lula vem sendo seguido e “investigado” pelos federais desde que deixou o governo. Mas nada oficial, ou explícito. Tanto que o juiz Sérgio Moro sempre disse que o ex-presidente não era investigado pela Operação Lava Jato – cujo processo ele preside. Ocorre que tanto a polícia como o Ministério Público de São Paulo – de atuação estadual – vinha tentando descobrir um possível envolvimento ilegal de Lula na compra de um apartamento na praia de Guarujá, tese sempre refutada pelo ex-presidente, que no dia 17, por sinal, vai depor no MPSP sobre essa suposta aquisição.

Embora cause certa perplexidade no meio político, menos na oposição, por óbvio, a decisão do juiz Sérgio Moro de atender ao pedido da Polícia Federal para investigar Lula na Operação Lava Jato é de consequências imprevisíveis. Do ponto de vista jurídico, pode não dar em nada. Mas do ponto de vista político é um entrave na possibilidade de o ex-presidente vir a ser o candidato do PT às eleições de 2018. Primeiro, porque a exploração política do fato certamente causará mais e novos estragos à imagem do ex-presidente. Depois, porque a investigação poderá se arrastar indefinidamente, até a liquidação política de Lula, sem falar nos problemas de ordem legal que um inquérito desse tipo poderá causar nas pretensões eleitorais do ex-presidente. E o pior, para Lula, seria a sua condenação pelo ex-assistente do então ministro Joaquim Barbosa, o juiz Sérgio Moro, inviabilizando a sua falada candidatura em 2018. Mas o contrário também pode ser verdadeiro: se nada ficar provado contra ele, Lula entrará definitivamente no rol dos mitos da política brasileira.

Carlos Lindenberg é colunista do Jornal Metro e comentarista da TV Band Minas. Escreve neste espaço às quintas-feiras.

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