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A lista do fim do mundo

carlos-lindenberg-colunistaAntes, era a lista do Janot. Agora, é a lista do Fachin. Mas tanto com Janot como com Fachin, essa tão esperada lista, baseada apenas na delação premiada de 77 diretores da Construtora Odebrecht, era aguardada como a “lista do fim do mundo”, e só foi possível graças à prisão e condenação do empreiteiro Marcelo Odebrecht, presidente da empresa. O mundo não acabou, óbvio, mas a carreira de muitos políticos está caminhando para o caso. Embora seja sempre oportuno e necessário dizer que ser delatado ou citado em depoimento de presos não quer dizer que o político ou empresário esteja previamente condenado e deva ser conduzido ao presídio.

Sem querer minimizar a culpabilidade de nenhum dos mais de 200 investigados, até porque até agora estão apenas delatados, mas é preciso que os delatores apresentem provas consistentes das acusações que estao fazendo, e que os magistrados aceitem as denúncias, passem os acusados a réus e os considerem de fato culpados. O problema é daqui até o julgamento desses processos, sobretudo dos que estão nos tribunais, haverá a eleição presidencial, para governadores e um terço do Senado. E se houver condenação em primeira instância, seguida de uma segunda, o já então réu não apenas ficará fora da eleição como será preso. De qualquer maneira, a simples citação de um nome nessa extensa relação dos delatores já traz enorme prejuízo político para o delatado.

Alguns poderão recuperar seu cacife, mas outros nem tanto.

O que mais espanta, nessa lista é o volume de nomes e a sua qualidade, em essência. São ex-presidentes da República – e o atual só não entrou nela porque desfruta da imunidade temporária – senadores, deputados, governadores, ex-governadores, um membro do TCU, enfim a nata da política. O que sobrará depois desses julgamentos? Para citar dois nomes, João Dória, prefeito de São Paulo, o ex-ministro Ciro Gomes e mais um ou outro governador. Dória porque dois possíveis candidatos que o precedem no PSDB, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, estão na lista de Fachin, e Ciro porque já se lançou candidato. A divulgação da lista não matou nenhuma candidatura até agora, mas deixa muitos feridos pelo caminho. Se vivêssemos no Parlamentarismo, o Congresso teria sido dissolvido e o País iria a eleições gerais.  E olhem que outras empreiteiras também fecharam acordos de delação premiada, ou seja, a lista de Janot – ou de Fachin – vai aumentar.

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