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Como salvar Temer

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Semana das mais movimentadas essa em Brasília. Ainda que a Câmara dos Deputados possa aprovar o projeto de lei do governo para a renegociação da dívida dos Estados com a União, e mesmo que o Supremo Tribunal Federal tenha decido que policiais e militares não podem fazer greve, ou ainda que o Congresso tenha votado uma lei que pode inviabilizar o serviço da Uber no país, sem dúvida o que marcou a semana foi o início do julgamento da chapa Dilma/Temer. É um processo que vem desde 2015 e obedece a uma acusação do PSDB, a de que a chapa abusou do poder político e econômico para ganhar as eleições de 2014, derrotando a chapa adversária composta por Aécio Neves e Aloysio Nunes.

O processo poderia ter andado mais rápido se o ministro relator, Herman Benjamim, não tivesse incluído como testemunhas réus e delatores da Operação Lava Jato, por entender que uma coisa poderia estar ligada à outra. Pode até não estar, mas foi exatamente porque a defesa de Dilma queria ouvir uma testemunha, citada pelos envolvidos na Lava Jato, que a sessão inaugural do julgamento foi suspensa. É que a defesa da ex-presidente Dilma quer ouvir o ex-ministro Guido Mantega, citado pelos delatores da Lava-Jato, e reclamou do prazo de 48h dado pelo relator para as suas alegações finais. Iniciada a sessão, os advogados de Dilma pediram mais prazo e arrolaram o ministro Mantega como testemunha indispensável para a defesa da ex-presidente.

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Com isso, o julgamento, que teve data e hora para começar, não terá prazo para terminar. A ideia é de que o julgamento recomece nos primeiros dias de maio. Mas só após a oitiva das testemunhas é que a defesa de Dilma terá os cinco dias que pediu como prazo para suas alegações finais. Ou seja, o julgamento do ano, que poderá concluir pela cassação do mandato do presidente Temer e pela suspensão dos direitos políticos de Dilma não vai terminar tão cedo e quem sabe ainda este ano. Isso porque a estratégia agora de ambos os acusados deve ser a de ganhar tempo. Temer insiste na tese de que sua campanha não teve relação com a de Dilma, o que foge à tradição e à jurisprudência do TSE, que sempre julgou a chapa e não seus integrantes isoladamente. De forma que Temer vai querer empurrar a decisão para mais para frente, a fim de não ter que governar com a espada no pescoço, e Dilma também vai querer procrastinar o resultado para não perder a elegibilidade. Mas não passam despercebidos dos analistas do processo movimentos de bastidores, em Brasília, para salvar o mandato de Temer, que fará daqui até o final do ano três novos ministros do TSE e terá como suplente o seu ex-ministro da Justiça e fiel escudeiro Alexandre Moraes.

Carlos Lindenberg é jornalista, colunista do Metro Jornal e comentarista da TV Band Minas. Escreve no Metro Belo Horizonte.

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