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Poupar jogadores?

cadu done colunista metroUm dos poucos defeitos da NBA é o número excessivo de jogos da temporada regular. Apesar de o formato favorecer amplamente a opção por poupar jogadores, surpreendentemente – se tivermos em mente como referência o modus operandi do futebol brasileiro –, em termos históricos, não era tão comum enxergamos na Liga Americana os treinadores descansando seus atletas; ao menos com frequência minimamente considerável. Até esta temporada…

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Até a parada para o Jogo das Estrelas – que marca mais ou menos a metade da temporada regular –, 69 jogadores tinham sido poupados na atual edição do campeonato de basquete mais famoso do mundo. Para se ter uma ideia do crescimento astronômico: na edição 2015/2016 – até então a com o maior número de poupados em todos os tempos –, 40 jogadores foram deixados de fora de jogos por descanso – isso em toda a temporada regular, e não perto da metade, como no número citado relativo à competição atual.

Para quem acompanha a NBA e o futebol brasileiro de clubes, chama atenção a diferença de comportamento: enquanto por nossas bandas poupar em excesso já é uma questão há anos, pouco de concreto é feito, todo o meio do esporte meio que já se acostumou com este procedimento, com ele resignou-se, e tudo se arrasta com o mesmo panorama desde sempre, na NBA bastou uma temporada de exagero claro desta estratégia para o tema virar prioridade; o tom crítico é muito maior e mais definitivo em todos os setores, e as autoridades já se mexem de maneira mais ágil, objetiva e veemente para acabar com o que é visto evidentemente como um problema.

Estava nos EUA recentemente e acompanhei pela TV o jogo entre San Antonio Spurs e Golden State Warriors. Os californianos, já sem Kevin Durant, machucado, resolveram poupar suas outras quatro principais estrelas. O que era para ser um jogão virou uma “pelada de pré-temporada”. O principal ponto aqui é: o que já encaramos como normal no nosso país – e desvaloriza totalmente o espetáculo em diversas searas –, o que acontece no Brasil rodada sim, outra também, na NBA, causou revolta notável ao ocorrer em proporções infinitamente menores. A ponto de eles agirem concretamente.

Os jornalistas que participavam da transmissão do clássico esvaziado que mencionei trucidaram a decisão de poupar atletas neste duelo simplesmente o tempo todo. O principal argumento contra a escolha dos treinadores? Nada ligado à falta de competitividade, nada com contornos estritamente esportivos, como vemos aqui. Para os comunicadores, o público que se planejou, gastou tempo e dinheiro achando que ia ver estrelas – e encontrou reservas –, foi lesado de forma grave. E isso não poderia se repetir. Até a credibilidade da Liga estaria em risco. Será que pelo menos em alguma medida não devemos importar esse tipo de pensamento, de preocupação com o público, de zelo com o produto, de respeito com quem paga (empresas de comunicação, patrocinadores diversos e torcedores), para o nosso futebol?

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