O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, afirmou, em entrevista exclusiva ao programa 90 Minutos, da Rádio Bandeirantes, que o empreiteiro da OAS Leo Pinheiro “cumpriu um papel” na audiência na qual acusou o petista de orientá-lo a destruir provas durante o andamento da Operação Lava Jato.
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“O Léo Pinheiro foi cumprir um papel naquela audiência. O objetivo era incriminar o ex-presidente”, disse o advogado aos jornalistas José Luiz Datena, Agostinho Teixeira e Ana Nery. “(Porém) A declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram, de uma forma cabal, que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos na Petrobras”, complementou.
O empreiteiro foi interrogado nessa quinta-feirra (20) pelo juiz Sérgio Moro por pelo menos três horas em um processo que investiga se a OAS beneficiou o petista com a compra e a reforma de um apartamento triplex no Guarujá, no litoral paulista.
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Segundo o ex-presidente da OAS, o pedido para destruir provas teria sido feito em maio de 2014, dois meses após o início da Lava Jato. Ele não disse, porém, se seguiu a suposta ordem do petista.
Léo Pinheiro ainda confirmou que o imóvel é parte de um total de R$ 3,7 milhões pagos em propina a Lula em três contratos da OAS com a Petrobras.
Após ouvir a entrevista de Zanin, a procuradora da República Thaméa Danelon, que também colabora com a Operação Lava Jato em São Paulo, ligou para o programa para rebater as afirmações do advogado do ex-presidente.
Histórico do caso
A Polícia Federal e a Procuradoria da República sustentam que o ex-presidente recebeu propinas da OAS no montante de R$ 3,7 milhões.
Uma parte do dinheiro teria sido investido em obras no apartamento do Condomínio Solaris, no Guarujá. Outra parte, segundo a acusação, no montante de R$ 1 milhão, foi usada para armazenamento de pertences que Lula ganhou quando na Presidência.
A defesa do petista afirma não ser dele o triplex. Na quarta-feira (19), os advogados de Lula exibiram à imprensa documentos da recuperação judicial da empreiteira que incluiu em seus ativos o apartamento do Guarujá.
Léo Pinheiro foi preso em novembro de 2014 na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que mirou o cartel de empreiteiras que se instalaram na Petrobras para fraudes, desvios bilionários e propinas.
Em 2015, Pinheiro ganhou prisão domiciliar com tornozeleira. Mas, condenado a 16 anos de prisão por Moro, voltou à cadeia em setembro de 2016. Dois meses depois, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) elevou para 26 anos a pena imposta ao empreiteiro.