Com o tempo cada vez mais exíguo para o julgamento final, a presidente afastada, Dilma Rousseff, foca na possibilidade de reverter votos contra o processo de impeachment. O mapa da votação está colocado à mesa, e pelo menos nove senadores que votaram a favor do relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) na semana passada são considerados ‘não tão convictos’ pelo impeachment e estão no radar.
No Palácio da Alvorada, a debandada pró-impeachment é considerada improvável. Dilma avalia que os 21 votos conseguidos na última votação estão consolidados e a busca por mais sete depende de conversas, que fará pessoalmente, com cada um dos senadores indecisos.
A aposta de risco por mudança de convicção também inclui o compromisso com o plebiscito para novas eleições presidenciais e com a reforma política, que constará na ‘Carta à Nação e aos Senadores’, prevista para ser divulgada amanhã.
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Lava Jato aliada
No âmbito político, os aliados de Dilma sustentarão as denúncias que atingem o presidente interino, Michel Temer, na Lava Jato. O peemedebista é acusado de pedir pessoalmente
R$ 10 milhões para campanha eleitoral de 2014. A aposta é de que os ventos soprem a favor de novas revelações da delação de executivos da Odebrecht.
“Entre apoiar um governo sob suspeita ou uma nova eleição, acredito que a maioria irá com a segunda opção”, avalia o líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE).
Na mira
Senadores de PSB, PDT e até do PMDB receberão as investidas de Dilma para se manter no mandato.
No núcleo dilmista, Pedro Chaves (PSC-MS), Lúcia Vânia (PSB-GO), Roberto Rocha (PSB-MA), Romário (PSB-RJ), Acir Gurgacz (PDT-RO) e João Alberto de Souza (PMDB-MA) são avaliados como predispostos a mudar de lado.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o único que ainda não votou, também alimenta esperança em Dilma. Nas palavras de um aliado, Renan não vai querer ‘carregar a espada do impeachment’, e numa provável mudança de rumos votará ‘contra’, num gesto democrático.
O senador, porém, tem repetido que irá manter-se neutro nas votações sobre o impeachment até o fim.
Definição de data
Responsável pela sessão, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, deve intimar hoje as nove testemunhas que serão ouvidas pelos senadores – três de acusação e seis de defesa. Na quarta-feira, o ministro fará uma reunião para anunciar o cronograma e, enfim, a data do julgamento – a previsão é começar no dia 25, e demorar até cinco dias. Há indefinição se o Senado trabalhará no fim de semana.
Dilma ainda não decidiu se irá fazer a defesa pessoalmente no plenário. Teme, sobretudo, a possibilidade de perguntas ríspidas dos senadores adversários.