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‘Repúdio e indignação’: família de motorista de app reage à oferta de ajuda de motorista de Porsche

Fernando Sastre, que responde por morte de Ornaldo Viana, quer dar R$ 1.412 mensais como assistência

Polícia investiga o caso
Fernando Sastre de Andrade Filho (à esquerda) dirigia Porsche quando bateu na traseira de Sandero, matando o motorista de app Ornaldo da Silva Viana (Reprodução/Redes sociais)

A família do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, que morreu após ter seu Renault Sandero atingido na traseira por um Porsche, na Zona Leste de São Paulo, está revoltada com a “oferta de ajuda” feita pelo condutor do carro de luxo, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24. A defesa do rapaz, que responde ao caso em liberdade, ofereceu um salário mínimo mensal como forma de assistência.

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“Diante da barbárie a que foi vítima o trabalhador e exemplar pai de família Ornaldo da Silva Viana, a família vem manifestar repúdio e indignação”, informaram ao G1 os advogados José Luiz Sotero dos Santos e Jair Sotero da Silva, que defendem os parentes do motorista de aplicativo. Eles ressaltaram que a “reparação” não condiz com a gravidade do acidente.

A defesa do empresário ofereceu R$ 1.412 mensais à família de Viana, alegando que soube por meio da mídia que os parentes passam por dificuldades financeiras e estão “sensíveis ao momento”. Essa oferta consta no processo sobre a morte do motorista de app, que corre em sigilo.

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Os advogados do empresário afirmam que já tinham procurado os familiares da vítima para oferecer ajuda, mas que recebeu uma negativa em retorno.

Pagamento de fiança

O empresário teve o segundo pedido de prisão negado na semana passada e segue respondendo ao caso em liberdade. Na última sexta-feira (12), ele pagou R$ 500 mil de fiança, como um valor antecipado para futuras reparações às vítimas. Além de Viana, que morreu no acidente, o jovem Marcus Vinicius Rocha, amigo de Fernando, ficou ferido.

Em depoimento, quando ainda estava internado, o amigo contou que o empresário consumiu alguns drinques e “deu uma acelerada” ao volante antes do acidente.

Marcus Vinicius contou à polícia, seguindo o depoimento de sua namorada, eles estiveram com Fernando e sua companheira na noite do dia 30 de março em um restaurante, onde consumiram bebidas alcoólicas. Depois disso, seguiram para uma casa de pôquer e, na saída, o empresário estava “alterado por conta das bebidas”, mas não queria que ninguém dirigisse seu Porsche.

Assim, ele se ofereceu para ir embora com Fernando, já na madrugada de 31 de março, para evitar que ele fizesse “besteira”. Marcus Vinicius ressaltou, ainda, que Fernando deixou a casa de pôquer dirigindo de “forma tranquila”, mas em um determinado momento “deu uma acelerada”, quando acabou atingindo a traseira do Renault Sandero.

Outras testemunhas do acidente também disseram à polícia que viram Fernando “cambaleando e com a voz pastosa”, com sinais visíveis de embriaguez. Uma mulher, que chegou ao local logo após a batida, afirma que tinham três garrafas de vidro dentro do carro de luxo.

O empresário, que fugiu do local do acidente com a mãe, negou que estivesse embriagado. Porém, ele se apresentou à polícia mais de 38 horas depois, quando já não era mais possível fazer o teste do bafômetro. A namorada dele também foi ouvida e negou que ele tenha feito o consumo de bebidas alcóolicas.

Drinques e petiscos

A polícia obteve a comanda do restaurante em que Fernando esteve com os amigos. O documento revela que o grupo gastou R$ 620 em nove drinques alcoólicos e petiscos.

Conforme a comanda, exibida em reportagem do “SP1″, da TV Globo, Fernando e os amigos pediram oito drinques chamados Jack Pork, feito com uísque, licor, angostura e limão siciliano, além de uma caipirinha de vodca, na noite do último dia 30 de março. O grupo também consumiu uma água, uma porção de torresmo, um bolinho de costela, um hambúrguer e dois salgados.

A polícia buscou imagens das câmeras de segurança do restaurante para verificar se o empresário consumiu os drinques alcoólicos, mas havia falhas no circuito interno. Alguns dos equipamentos “passam por reparos” ou “não estão funcionando”, segundo contou o dono do estabelecimento.

Do restaurante, Fernando, a namorada e um casal de amigos seguiram para a casa de pôquer, onde funciona um esquema “open bar”. A investigação ainda apura se Fernando consumiu alguma bebida alcoólica lá.

A Polícia Civil deve ouvir nos próximos dias os policiais militares que atenderam ao caso.

Empresário é procurado pela polícia
Motorista de Porsche fugiu após bater e matar condutor de Renault Sandero, na Zona Leste de SP (Reprodução/Redes sociais)

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